sexta-feira, 9 de março de 2012

Infinda vaguidão

Dizem vir de Sócrates a máxima
"Sei que nada sei"
Desconfio. Pode até ser
Mas nada afirmo.

Ando em dívida comigo mesmo
Co`a leitura co`a boa conversa
Tenho lido pouco proseado menos
Leio o que até então consigo
    Leio na medida do possível
    Mas sempre recobro além

Há em mim no meu íntimo
Uma voz que lateja
Ás vezes com ela proseio
    Mas receio dar-lhe sempre ouvido
Concordamos em algo aqui ou acolá
Sabemos que a cada linha lida
    É um livro que surge, um romance...
E o tempo - maldito tempo!
Esse finda cedo. Ainda no amanhecer

    há amigos que recobram
    leituras de autores mencionados
    em conversas de botecos, praças
    estações, pontos, seja lá onde for
    mas alguns não guardo comigo

Consigo o nome de alguns. Procuro por resenhas
Revistas, vídeos, programas. Até tenho conseguido
                                          [algo com isso
Mas sei que isso ainda é pouco
    É até risonho em saber que terei de depositar
    confiança naquela tradução. - Ah! Queria eu ter domínio
    das línguas ou que todas se resumissem só a uma

Dias atrás li algumas linhas de ceticismo
Mais tarde... epistemologia
Por meio de um amigo, cheguei em Sanches
"Nem sei se nada sei"
    - E não é?
    - O que sei?

Reencosto na mureta de minha varanda
Assisto por fim o sol quase a se perder de vista
Sócrates e Sanches e o dia indo
A noite chegando e junto a ela
    corre uma névoa rente aos meus
    olhos indo à infinda vaguidão.

 

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