Dizem vir de Sócrates a máxima
"Sei que nada sei"
Desconfio. Pode até ser
Mas nada afirmo.
Ando em dívida comigo mesmo
Co`a leitura co`a boa conversa
Tenho lido pouco proseado menos
Leio o que até então consigo
Leio na medida do possível
Mas sempre recobro além
Há em mim no meu íntimo
Uma voz que lateja
Ás vezes com ela proseio
Mas receio dar-lhe sempre ouvido
Concordamos em algo aqui ou acolá
Sabemos que a cada linha lida
É um livro que surge, um romance...
E o tempo - maldito tempo!
Esse finda cedo. Ainda no amanhecer
há amigos que recobram
leituras de autores mencionados
em conversas de botecos, praças
estações, pontos, seja lá onde for
mas alguns não guardo comigo
Consigo o nome de alguns. Procuro por resenhas
Revistas, vídeos, programas. Até tenho conseguido
[algo com isso
Mas sei que isso ainda é pouco
É até risonho em saber que terei de depositar
confiança naquela tradução. - Ah! Queria eu ter domínio
das línguas ou que todas se resumissem só a uma
Dias atrás li algumas linhas de ceticismo
Mais tarde... epistemologia
Por meio de um amigo, cheguei em Sanches
"Nem sei se nada sei"
- E não é?
- O que sei?
Reencosto na mureta de minha varanda
Assisto por fim o sol quase a se perder de vista
Sócrates e Sanches e o dia indo
A noite chegando e junto a ela
corre uma névoa rente aos meus
olhos indo à infinda vaguidão.
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