domingo, 9 de outubro de 2011

abandonada

Alma-abandonada

ela amava o preto
que em si, vestia
toda a manhã
vendo o sol que nascia
pela janela
estilhaçada
os cacos restante em cima da pia
[estavam
na mão uma panela
e pelo horizonte se perdia
tão triste
era a vida
tão triste
triste mesmo
sem graça
enfadonha
miserável
era a vida
antes mesmo do que se podia
fazer, aquela garota
baixinha e encurvada
de lábios grandes
até os lá de baixo
um hálito desgraçado
se via em lágrimas
e como devia?
Ela, sem esperança
sem crise
apenas uma peçonha
um seu colo se via
bebericando do veneno
que de suas veias e artérias
ferviam
e como ferviam
deixava-o entorpecida
dopada
chapada
estragada
viciada
era o seu amanhecer
que beliscava o entardecer
e com isso
os seus dias
que de tão tediosa
entediava o tédio
e não se tinha
uma outra saída
se não aquela que temia
enfrentar a vida
pois a morte
mais uma vez
a abandonava.

Nenhum comentário:

Postar um comentário