segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Ao mármore

Fiz-me em alguns passos, um maltrapilho. De barbas amarelados pelo fumo, tenho cá uma tez enrugada pela velhice. Clamo: tens-me por completo, oh! Ócio.

Eu, que aporto-me em sofreguidão deveras, calo-me, já trêmulo, diante de ti, fúnebre ventre!

Não peço, se não o que vedes: eviscera-me!

Deita-me no gélido mármore e beija-me. Lambe-me, e infesta-me. De teu sexo traga-me espasmos, e dor, e dor, rogo-te. Desperto-me d`um susto que apavoraste-me noutros tempos. Cá, agora, mo vejo, a bebericar do gozo de suas entranhas. Aprecio, inquieto, sua ânsia e de seu adeus, enfim, adormeço.

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