terça-feira, 6 de dezembro de 2011

o Balbucio

Becos

Atrevo-me à alcova entrar
E do vinho à gosto madeira,
de tão ruim, bebericar

Atrevo-me ao boteco passar
E da cerveja barata, vendida a contragosto,
balbuciar

Atrevo-me ao prostíbulo
minha existência ter
E com meu órgão se atrevendo
em algum cavidade,
estar

Atrevo-me à igreja, vagar
E dos ditos do padre, que ao vento
são levadas à exaustão, desdenhar

    Atrevo-me a não lhe beijar

Atrevo-me!

Atrevo-me contra minha própria
                 insignificância
Atrevo-me a sozinho não ser
            nunca mais. Espero!
Atrevo-me à donzela, ser minha puta
e de mim, ter-me como sou
    um vagabundo atrevo a ti ser

Atrevo-me no silêncio encarar a morte
mesmo que a seis palmos estiver. Atrevo!

Atrevo-me em luz, da aurora, contradizer-me
Como se faz os quase-finados em seus discursos

Atrevo-me...

Atrevo!

Atrevo-me à ainda ser...

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