Atrevo-me à alcova entrar
E do vinho à gosto madeira,
de tão ruim, bebericar
Atrevo-me ao boteco passar
E da cerveja barata, vendida a contragosto,
balbuciar
Atrevo-me ao prostíbulo
minha existência ter
E com meu órgão se atrevendo
em algum cavidade,
estar
Atrevo-me à igreja, vagar
E dos ditos do padre, que ao vento
são levadas à exaustão, desdenhar
Atrevo-me a não lhe beijar
Atrevo-me!
Atrevo-me contra minha própria
insignificância
Atrevo-me a sozinho não ser
nunca mais. Espero!
Atrevo-me à donzela, ser minha puta
e de mim, ter-me como sou
um vagabundo atrevo a ti ser
Atrevo-me no silêncio encarar a morte
mesmo que a seis palmos estiver. Atrevo!
Atrevo-me em luz, da aurora, contradizer-me
Como se faz os quase-finados em seus discursos
Atrevo-me...
Atrevo!
Atrevo-me à ainda ser...
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