sábado, 3 de dezembro de 2011

O Vil

abismo

Ah, como deve ser...
Ah!

Sou vil em palavras, em olhares
Não há doçura em meus gestos
Não há carinho ao te afagar
Apenas a afogo em lágrimas
Em desejos reprimidos
Sou vil...

Sou vil e isso me faz ainda mais
Dos vis há o Eu-Vil
A mim... nada
Nem vil, nem o Eu... nada!

Sou vil que merece novas linhas
Novos olhares, talvez nem a isso
Não mereço nada. Contento-me então!

Contento-me – isso se me permitir
Com alguns rabiscos 
Em papei amarrotado
Amarelado pelo tempo
Cifre meu nome – quem ouse?
Encontre espaço – isso se houver
E lá
Faça surgir algumas letras
Num canto - pode ser
Deixe-o lá
O lê

Em voz baixa – lhe peço

O lê até seus olhos não mais poder
Até da ânsia lhe tomar
De náuseas, sofrer
Deixe-o lá
Insisto - Deixe-me lá
E sei que será o bastante

Deixe-me
Deixe-me
Deixe-me lá! – Protesto
Enquanto cá
Tenho sangue a escorrer
E um abismo negro a meio passo

        Deixe-me!

Deixe- me, pois perdão não há
Nem mais lágrimas
Não há olhares distantes
Nem palavras desencontradas
Não há noites sem sono
Nem dias sem brilho

Não há mais

        Deixe-me!

Tenho sangue a escorrer
E um abismo negro a meio passo

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